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A revista Superinteressante, na edição nº393, de setembro de 2018, teve como capa uma reportagem sobre o uso de agrotóxicos no Brasil e o Projeto de Lei 6299/02 que, entre outras medidas, poderia impedir que a Anvisa vetasse o uso de agrotóxicos que apresentassem riscos à saúde das pessoas, dando mais poder ao agronegócio, sem que nada pudesse ser feito para garantir a segurança das pessoas envolvidas na produção e no consumo de produtos de origem vegetal – ou seja, todos nós. Diversas entidades, como o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), se manifestaram contra esse projeto de lei, mas ele continua em tramitação no Congresso. Nesse texto, vou abordar algumas considerações importantes que sempre devemos lembrar quando o assunto é agrotóxico.

 

Consideração nº1: Segurança dos trabalhadores

Normalmente, quando pensamos no uso – e abuso – dos agrotóxicos pensamos imediatamente no “veneno” que podemos estar ingerindo e as doenças que eles poderiam causar. Porém, o contato que temos, enquanto consumidores dos alimentos, é com concentrações muito menores do que os trabalhadores das lavouras. Esses trabalhadores, precisam tomar uma série de cuidados durante a manipulação e aplicação desses produtos, mas sabemos que muitas das precauções não são tomadas, seja por desconhecimento por parte do trabalhador ou por negligência do produtor, que não fornece os equipamentos necessários e/ou orienta o uso de quantidades acima do permitido. Esses fatores podem predispor esses trabalhadores a diversas doenças, como dermatose, câncer e doenças neurológicas.

Consideração nº2: Segurança dos consumidores

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Grandes quantidades de agrotóxicos são aplicadas sobre as culturas, mas isso não quer dizer que todo esse agrotóxico é ingerido por nós. Após a aplicação, diversos fatores entram em ação diminuindo drasticamente as concentrações dessas substâncias na planta. Por isso, é importante que seja respeitado um tempo mínimo para a colheita, o qual deve ser respeitado pelo produtor. Isso não quer dizer que o agrotóxico desapareça da planta, mas que a concentração seria tão baixa que não geraria qualquer problema de saúde. Essa quantidade é determinada através de pesquisas em modelos animais – já que não seria ético realizar essas pesquisas em humanos. Como uma forma de diminuir ainda mais os riscos a que seríamos submetidos com a exposição a esses compostos, a ingestão aceitável é cerca de 100 vezes menor que as concentrações que geraram efeito adversos nos modelos animais. Assim, se o produto correto for utilizado, dentro da concentração recomendada, não haveria grandes riscos para a nossa saúde, mesmo que essa exposição fosse durante a vida toda.

Consideração nº3: Produtos orgânicos

Nesse cenário, podemos pensar sobre o consumo de produtos orgânicos como uma alternativa aos abusos na utilização dos agrotóxicos. Sem dúvidas, a não utilização de agrotóxicos evita que os agricultores desenvolverem doenças decorrentes da aplicação desses produtos, mas o que não quer dizer que esses produtos não apresentem qualquer risco à saúde. Algumas estratégias utilizadas no controle de pragas, como o uso de adubo animal, podem acarretar na contaminação do solo e da planta por coliformes fecais e bactérias, como a Salmonella. Além disso, produtos vendidos como orgânicos podem sofrer algum tipo de contaminação acidental, como metais pesados provenientes de rejeitos industriais.

Conclusão

Os agrotóxicos, quando utilizados dentro da quantidade recomendada, respeitando-se os prazos entre a aplicação e a colheita, não parece representar risco à saúde dos consumidores. O mesmo parece valer para os agricultores, quando utilizam todos os equipamentos de proteção. Por outro lado, o consumo de alimentos orgânicos apresenta vantagens, mas cuidados também são necessários.

Como costuma acontecer em nosso país, os grandes problemas aparecem quando não se segue a legislação. O problema é que, caso o projeto de lei seja aprovado, a própria lei poderá predispor toda a população a sérios riscos à saúde.

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