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No mês passado, um estudo publicado pelo Lancet Public Health analisou a relação entre o consumo de carboidratos e a mortalidade em uma amostra composta por 15.428 adultos, os quais participaram de um estudo americano, cujo início ocorreu entre 1987 e 1989. A mediana do tempo de acompanhamento nesse estudo foi de 25 anos.

Os principais resultados mostraram que, após o ajuste de diversas variáveis (quando os pesquisadores tentam minimizar os efeitos de variáveis que podem interferir no resultado, além daquela variável de estudo), como idade, sexo, raça, escolaridade, fumo, atividade física, ingestão energética total, diabetes, entre outras, a mortalidade foi maior no grupo que consumia menos carboidrato (<50% das calorias ingeridas) e no grupo que consumia mais carboidrato (acima de 55% das calorias). Além disso, o menor consumo de carboidratos representou um risco maior para a mortalidade do que o consumo elevado. Outro resultado importante do estudo foi que a substituição dos carboidratos por proteínas e gorduras de fontes animais representou um aumento no risco de mortalidade, enquanto a substituição por proteínas e gorduras de fontes vegetais representou uma diminuição no risco de mortalidade.

As explicações apontadas pelo estudo para esses resultados apontam que dietas com baixo consumo de carboidratos normalmente apresentam menor ingestão de frutas, verduras e legumes, grãos e maior ingestão de proteínas e gorduras de fonte animal, as quais podem estimular vias inflamatórias, aumentar o estresse oxidativo e levar ao envelhecimento. Já as dietas com alta ingestão de carboidrato estão associadas com maior consumo de carboidratos refinados, maior carga glicêmica e pior qualidade nutricional.    

Dentre as limitações apontadas pelo próprio estudo, a mais importante é o fato de a avaliação do consumo alimentar ter sido realizados através de questionário de frequência alimentar. Sabidamente as pessoas tendem a reportar uma ingestão alimentar menor que a realmente consumida, o que poderia alterar o percentual de carboidratos ingerido.

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Após todas essas informações sobre o estudo, alguns pontos devem ser ressaltados:

  1. Esse estudo, apesar do acompanhamento por um longo período e do grande tamanho amostral não consegue estabelecer uma relação causal entre o consumo de carboidrato e a mortalidade. Outras variáveis além daquelas consideradas como possíveis intervenientes nos resultados podem ser realmente as causadoras dessa maior mortalidade.
  2. O ganho de peso após 3 e 6 anos de acompanhamento foi independente do consumo de carboidrato, ou seja, consumir pouco ou muito carboidrato não fez diferença no ganho de peso.
  3. Apesar de a substituição do carboidrato por alimentos de origem vegetal parecer diminuir a mortalidade, enquanto a substituição por alimentos de origem animal aumentou a mortalidade, isso não quer dizer que alimentos de origem animal não devam ser consumidos, mas que o excesso desses alimentos pode gerar efeitos deletérios.
  4. O baixo consumo de carboidratos não parece ser necessário para a saúde, assim como o consumo excessivo desse nutriente também parece não ser aconselhável. É necessário pensarmos em qualidade dos carboidratos ao invés de pensar apenas em quantidade.

De certa maneira, esse estudo contribui para algumas recomendações gerais sobre o que, de fato, seria uma alimentação saudável: a ingestão adequada de calorias, o maior consumo de verduras, frutas e legumes, a ingestão moderada de alimentos de origem animal (não é necessário excluí-los) e a atenção à qualidade dos alimentos que consumimos – não só a quantidade ingerida – são os pilares fundamentais.

Além da alimentação, praticar exercícios, dormir bem e controlar o estresse também vão contribuir para uma vida melhor.

Nutrição não é feita de modas e radicalismos. Nutrição é feita de ciência. Algumas vezes a ciência mostra que as coisas são mais simples do que muita gente fala. Mudanças pequenas podem ser suficientes para uma vida mais saudável, sem que você precise abrir mão de tantos alimentos gostosos (e cheios de carboidratos). Só não vale exagerar!

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